Nova Criação
F. O facto de estarmos sempre a filmar este exercício… Hmm… Parece que
nos estamos a guardar para um futuro qualquer… mas também o facto
de estarmos a gravar… é em si uma memória, uma memória de um tempo
a que já não podemos aceder.
T. Ah eu gosto de pensar que o gesto que fizeste ontem está completamente
ligado ao gesto que vou fazer hoje… parece que fico a ver a multiplicidade
de gestos que existem entre um tempo e outro e entre tu e eu. Penso neles
como fantasmas que andam aqui…
F. Olha parou… Lá se foi a memória!
T. Tens aí outra. É a memória mesmo ou é a bateria?
F. Memory card error… Acho que são as duas.
T. Tens as duas, se quiseres.
F. É o que precisamos. Memória e bateria…
T. O gravador ainda está a funcionar.
F. The fact that we are always filming this exercise … Hmm … It seems that we are
saving ourselves for some kind of future … but also the fact that we are recording
… is itself a memory, a memory of a time that we can no longer access.
T. Oh I like to think that the gesture you made yesterday is completely linked to
the gesture I’m going to make today … it seems that I can see the multiplicity of
gestures that exist between one time and another and between you and me.
I think of them as ghosts that hang around here…
F. Look it stopped … There it goes the memory!
T. You have another one there. Is it the memory itself or is it the battery?
F. Memory card error … I think it’s both.
T. You can have both, if you want.
F. That’s what we need. Memory and battery…
T. The recorder is still working.
Filipe Pereira (Leiria, 1986) é licenciado em dança pela Escola Superior de Dança e concluiu o PEPCC – Programa de Estudo, Pesquisa e Criação Coreográfica (Forum Dança). Trabalhou como intérprete com Dinis Machado, João dos Santos Martins, Sofia Dias & Vítor Roriz, Martine Pisani, Inês Jacques, Trisha Brown Dance Company, Félix Ruckert, Tiago Guedes e Tânia Carvalho. Em 2012, criou em colaboração com Aleksandra Osowicz, Helena Ramírez, Inês Campos e Matthieu Ehrlacher a peça HALE-estudo para um organismo artificial, em 2013 cocriou com Teresa Silva as peças Letting Nature take over us again e O que fica do que passa.
Teresa Silva (Lisboa, 1988) frequentou a Escola de Dança do Conservatório Nacional, a Escola Superior de Dança e o PEPCC – Programa de Estudo, Pesquisa e Criação Coreográfica (Forum Dança). Participou como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian no DanceWeb Scholarship Programme 2011 do Festival Impulstanz Vienna. Como intérprete trabalhou com David Marques, Loïc Touzé, Liz Santoro & Pierre Godard, Rita Natálio, Luís Guerra, Tiago Guedes, Tânia Carvalho, Sofia Dias & Vítor Roriz, entre outros. Desde 2008 desenvolve as suas próprias criações, destacando-se Leva a mão que eu levo o braço e Um Espanto não se Espera, cocriados com Elizabete Francisca, a adaptação do solo Conquest de Deborah Hay, Letting Nature take over us again e O que fica do que passa, cocriações com Filipe Pereira. Desde 2012 tem lecionado e colaborado em projetos ligados à prática pedagógica no âmbito das artes performativas.
Filipe Pereira (Leiria, 1986) graduated in dance from the School of Dance (Lisbon) and concluded the PEPCC – Study, Research and Choreographic Creation Program (Forum Dança, Lisbon). He worked as a performer with Dinis Machado, João dos Santos Martins, Sofia Dias & Vítor Roriz, Martine Pisani, Inês Jacques, Trisha Brown Dance Company, Félix Ruckert, Tiago Guedes and Tânia Carvalho. In 2012, together with Aleksandra Osowicz, Helena Ramírez, Inês Campos and Matthieu Ehrlacher, he created the piece HALE-estudo para um organismo artificial. In 2013 co-created with Teresa Silva the pieces Letting Nature take over us again and O que fica do que passa.
Teresa Silva (Lisbon, 1988) attended the School of Dance of the National Conservatory, the School of Dance (Lisbon) and PEPCC – Study, Research and Choreographic Creation Program (Forum Dança, Lisbon). As a fellow of the Calouste Gulbenkian Foundation she participated at the 2011 DanceWeb Scholarship Program at Impulstanz Vienna. As an performer she worked with David Marques, Loïc Touzé, Liz Santoro & Pierre Godard, Rita Natálio, Luís Guerra, Tiago Guedes, Tânia Carvalho, Sofia Dias & Vítor Roriz, among others. Since 2008 she develops her own creations, including Leva a mão que eu levo o braço and Um Espanto não se Espera, co-authored with Elizabete Francisca, the adaptation of the solo Conquest by Deborah Hay, Letting Nature take over us again and O que fica do que passa co-creations with Filipe Pereira. Since 2012 she teaches and collaborates in projects linked to pedagogical practice in the field of performing arts.
Direção artística, interpretação, cenografia e figurinos / Artistic direction, performance, set design and costumes: Filipe Pereira e Teresa Silva
Direção técnica e desenho de luz / Technical direction and light design: Frederico Godinho
Desenho de som / Sound design: Rui Dâmaso
Acompanhamento artístico na residência de novembro 2015 / Artistic follow up in the residence of November 2015: Sabine Macher
Apoio residências / Residency Support: Anda&Fala Associação Cultural, Devir/CAPa, Materiais Diversos/Centro Cultural do Cartaxo e Escola Superior de Dança, Centro Cultural da Gafanha da Nazaré e O Espaço do Tempo
Coprodução / Co-production: Teatro Maria Matos/Festival Temps d’Images Lisboa
Apoio à criação / Creation Support: Circular Associação Cultural e Materiais Diversos
Agradecimentos / Acknowledgments: David Cabecinha, Horta Seca
Foto / Photo: Maria Gomes